Joaquim (sanfoneiro da feira)
Joaquim Conceição de Carvalho, o sanfoneiro da feira da 304 Sul. Ao lado de sua esposa, que o acompanhava com instrumentos percussivos, Joaquim trazia música ao caos sonoro típico de uma feira livre. Bom nordestino como era, alegrava a todos com o seu infindável repertório do mais puro forró. O obstáculo da deficiência visual, não tirava do casal uma verdadeira e contagiante alegria. Difícil era passar por ali sem percebê-los. Os mais desinibidos, dançavam. Casais confraternizavam momentos. Uma alegria verdadeiramente contagiante. Joaquim nos deixou em junho de 2017 e desde então a feira nunca mais foi a mesma.
Pierre de Freitas
Dono de um sorriso contagiante, Pierre de Freitas é um dos artistas mais talentosos que tive o prazer de conhecer, Pierre era o tipo de pessoa que cativava todos ao seu redor. Sua trajetória foi tão intensa quanto a vida que levava. Intensas também são as cores escolhidas para retratá-lo. Pierre de Freitas nos deixou em janeiro de 2017.
Arnald Rodrigues
Arnauld Rodrigues foi um ilustre humorista do Brasil, tendo trabalhado com Chico Anysio na Rede Globo e no programa “A praça é nossa” no SBT. Em 1999, mudou-se para Palmas e por aqui chegou a assumir a função de dirigente do Palmas Futebol e Regatas. Em suas aparições pela tv não escondia a sua admiração pelo Tocantins. Sua carreira foi permeada de célebres personagens. Arnauld nos deixou em fevereiro de 2010.
Dona Miúda
Guilhermina Ribeiro da Silva, mais conhecida como “Dona Miúda” foi uma grande guerreira Quilombola, uma artesã reconhecida por ser a precursora do artesanato em Capim Dourado, arte que disse ter aprendido com sua mãe e avó. A matriarca nasceu no povoado Quilombola Mumbuca no município de Mateiros na Região do Jalapão. Conhecida por ser muito exigente no trançado do Capim Dourado, foi responsável pela difusão das técnicas de amarras que conferem a firmeza nas peças, e por consequência, a qualidade dos produtos. Sua fama logo se espalhou, tornando-se também uma ativista na proteção dos direitos das artesãs locais e na proteção e vigilância do período de colheita do Capim Dourado na Região. Sua luta transformou a vida de toda comunidade que passou a ter no artesanato, sua principal fonte de renda. Dona Miúda com certeza é representante da memória imaterial do Tocantins, graças a ela o Capim Dourado tornou-se uma peça artesanal reconhecida mundialmente. Dona Miúda nos deixou em novembro de 2010. Créditos para a jornalista @aangel.lima que me ajudou na pesquisa.
Dona Raimunda
Dona Raimunda Quebradeira de Côco é uma representante do patrimônio imaterial do nosso povo. Ganhou notoriedade como ativista dos direitos das mulheres e dos trabalhadores rurais, tendo sido premiada em significativas instâncias locais, nacionais e internacionais. Espero que sua voz continue ecoando por melhores condições aos trabalhadores rurais, principalmente às mulheres. Dona Raimunda nos deixou em novembro de 2018.
José Gomes
José Gomes Sobrinho, carinhosamente chamado de “Zé Gomes”, foi poeta, músico e escritor, mas o seu legado mais significativo foi o seu ativismo em prol das culturas regionais. Tanto que, em 2010, foi sancionada a Lei Federal nº. 12.287, batizada de “Lei José Gomes Sobrinho”, que torna “obrigatório” o ensino de arte e culturas regionais na educação básica, incluindo aí conhecimentos sobre as culturas quilombolas e indígenas. O projeto da lei foi de autoria do seu filho o Senador Eduardo Gomes, que na época atuava como deputado federal. A lei vale para todas as escolas do Brasil e modifica as diretrizes básicas da educação de 1996. Isso é muito significativo, um verdadeiro marco para a cultura Brasileira. O pioneiro Zé gomes, também foi membro das academias Palmense e Tocantinense de Letras deixando um grande legado intelectual através de seus 13 livros publicados. Sua atuação em prol da arte e da cultura garantem um lugar cativo na memória imaterial não só do Tocantins, mas também, de todo o Brasil. Resta apenas haver a conscientização dos gestores municipais do país, em criar conteúdo personalizado para o ensino básico em cada município, fazendo valer o cumprimento da “Lei José Gomes Sobrinho”. Um verdadeiro sonho, se realmente concretizado.
Salomão Wenceslau
Vamos aqui ter “Dois dedos de Prosa”. Pois era essa a paixão de Salomão Wenceslau, um jornalista que detinha uma destreza ímpar com as palavras. Eram linhas e entrelinhas de crônicas carregadas de um senso de humor crítico que fazia dançar polidez com acidez. Pioneiro no Tocantins, Salomão era diretor presidente de uma rede de comunicação onde controlava um rádio e um tabloide chamado “O Jornal”. Prestei vários trabalhos a ele, lembro bem de quando me ligava tarde da noite para solicitar as charges que ilustrariam seu próximo número. Sua coluna “Dois dedos de Prosa”, era admirada por uns e temida por outros, mas muito aguardada (com grande curiosidade) por todos. Salomão nos deixou em setembro de 2013.
Fidêncio Bogo
O pioneiro Fidêncio Bogo foi um poeta e escritor muito importante na região. Nascido em Santa Catarina, o descendente de italianos estudou teologia e formou-se padre aos 23 anos, mas abandonou o sacerdócio 14 anos depois. Em 1976 mudou-se para Natividade e em 85 passou a morar em Porto Nacional. Em Palmas, foi fundador da Unitins - Fundação Universidade do Tocantins, ministrou aulas no Ceulp/Ulbra e era membro das academias Palmense e Tocantinense de Letras. Sua trajetória inspira muitos contemporâneos, seus livros são obras primas da literatura. Um homem muito culto e dócil tanto nas atitudes quanto nas palavras. Fidêncio nos deixou em abril de 2015.
Luiz Bala
Luiz Carlos Rodrigues, conhecido como Luiz Bala, nasceu em Canápolis/MG, em 22/05/1948. Exatamente no dia de hoje, estaria fazendo 72 anos de idade. Veio para o Tocantins logo em 1988, e por aqui testemunhou e registrou o florescer deste Estado. Com um olhar sensível e apurado, capturou os primeiros anos da implantação de Palmas, trabalhando para vários veículos de comunicação. Suas imagens, são mais que registros históricos, são recortes de um tempo, instantes carregados de narrativas. Foi o primeiro repórter fotográfico contratado pela Assembleia Legislativa tendo implantado o Departamento Fotográfico da casa, local onde é possível conferir uma mostra fotográfica em um memorial que homenageia seu trabalho. Luiz Bala, a serviço do periódico de notícias “O Jornal” fez um levantamento do potencial turístico da Ilha do Bananal retratando imagens sublimes da região. Os que tiveram o privilégio de conhece-lo, relatam o seu companheirismo e dedicação profissional. Luiz Bala nos deixou em janeiro de 1998.
Edson Lopes
Edson Lopes é um dos nobres representantes da memória de Palmas e do Tocantins. Pioneiro no Tocantins, foi o primeiro fotógrafo oficial da Prefeitura de Palmas, tendo registrado com suas lentes, momentos memoráveis de sua implantação e crescimento. Dono de um olhar sensível e apurado, suas imagens materializaram um grande acervo histórico de valor incalculável. Os que tiveram o privilégio de trabalhar e/ou conviver com Lopes, entendem o que ele representa para o patrimônio imaterial da região. Além de belas imagens, ele nos presenteou com seus descendentes que até os dias de hoje fazem parte da população de Palmas, são eles: Tharson, Thane e Tharlon. Edson nos deixou em abril de 2010.
J. Bulhões
J. Bulhões, como era conhecido, foi um desses artistas que passaram pelo Tocantins e aqui fizeram história. Sua trajetória musical era extensa e eclética. Ao lado de artistas locais de peso como, Dorivã, Léo Pinheiro, Genésio Tocantins, Tião Pinheiro, entre outros, deixou sua marca na memória musical do estado. Dono de uma cabeleira louro/grisalha sua presença era inconfundível. J. Bulhões nos deixou em maio de 2019.
Iberê Barroso
Pioneiro no Tocantins desde 1989, o carioca Ibere Barroso foi um grande jornalista. Chegou a ganhar o Prêmio Esso de Jornalismo por duas vezes. Uma das maiores premiações nacionais do ramo. Iberê era o típico "tiozinho carinhoso", cuja conversa agradável era recheada de muitas histórias, experiências e um tom irônico que era impossível não rir de suas ácidas tiradas. Iberê Barroso nos deixou em fevereiro de 2017.
Poliana Reis
Arrisco afirmar que no mercado da comunicação de Palmas de 2005 a 2013, não há quem não saiba quem foi Poliana Reis. A jovem publicitária, destacava-se não só pela sua beleza exterior, mas principalmente pela sua beleza interior. Seu carisma e competência eram marcantes e fizeram história em todas as Assessorias de Comunicação em que trabalhou. Lembro-me muito bem da sua educação e vivacidade. Uma mulher alegre, muito forte e decidida. Poliana Reis nos deixou em fevereiro de 2013.
Eudoro Pedrosa
Eudoro Guilherme Zacarias Pedroza, nascido em Goiânia/GO, em 24 de março de 1941, era conhecido apenas por Eudoro Pedroza. Sua trajetória de benfeitorias para a região inicia-se muito antes da criação do Estado do Tocantins, que ele ajudou a se consolidar. Era considerado o “Embaixador do Jalapão” pelas ações prestadas em prol da região, chegou a receber por meio do decreto 5.431 de 16 de maio de 2016 o “Título de Cidadão Jalapoense”. Atualmente no Palácio Araguaia são premiados os servidores do Estado do Tocantins cujo trabalho em Gestão e Políticas Públicas seja expressivo. A premiação leva o nome de “Prêmio Eudoro Pedroza”. Inegavelmente que Eudoro Pedroza foi um homem que muito contribuiu com o desenvolvimento do Tocantins. Conhecido e respeitado pela civilidade, educação e humildade com que lidava com todos, Eudoro nos deixou em outubro de 2015.
Junior Coimbra
Raimundo Coimbra Júnior, conhecido apenas como Júnior Coimbra, embora tenha sido criado em Itaporã, nasceu em Filadélfia/TO em 28/03/1965. Graduou-se em Jornalismo em 1988 pela UFMA - Universidade Federal do Maranhão. Sua carreira na comunicação lhe rendeu prestígio e popularidade como repórter esportivo em diversas rádios do Maranhão. Iniciou sua caminhada política em 1989 quando retornou ao Tocantins, elegendo-se prefeito no município de Itaporã no ano de 1992. Júnior Coimbra prestou relevantes serviços em várias áreas, sobretudo, aquelas ligadas à prevenção do Trabalho Escravo, em proteção aos trabalhadores em condições degradantes. Entre os projetos relatados, estão, o que criou o PRONATEC e o que instituiu a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Também era ativista na área do turismo, representando o Estado do Tocantins na Associação Brasileira de Jornalismo de Turismo no CNT - Conselho Nacional de Turismo. Em 2015, assumiu o cargo de Secretário Nacional de Turismo (SNPTUR), sendo o primeiro membro do CNT a assumir um cargo nesta secretaria. Sua trajetória é repleta de feitos importantes, era conhecido por ser um grande sonhador, um homem que dedicou sua vida ao próximo, um representante da memória imaterial da região. Junior Coimbra nos deixou em abril de 2018.
Epitácio Brandão
A advocacia do Tocantins teve a honra e o privilégio de ter tido como pioneiro Epitácio Brandão Lopes. Mais um integrante no rol dos ilustres personagens imateriais da memória do Estado do Tocantins. Epitácio nasceu na cidade de Estrela/MS, formou-se em direito na Universidade Católica de Goiás, era pós-graduado em Direito Público, Gestão e Auditoria na Administração Pública. No Tocantins, desde a sua fundação em 1989, foi o primeiro Advogado-geral do município de Palmas na gestão do ex-prefeito Fenelon Barbosa. Sua trajetória se confunde com a implantação da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Estado do Tocantins, instituição em que ocupara o cargo de Vice-Presidente e Presidente. Seu histórico lhe conferiu a posição de Membro Honorário Vitalício da OAB/TO. Dedicou grande parte da sua carreira à advocacia municipalista, tendo fortalecido a teia jurídica em todo Estado. Por seus relevantes serviços prestados em prol da administração pública, Epitácio chegou a receber a maior honraria da Corte de Contas, o “Colar do Mérito Estadual Governador Siqueira Campos”. Seu legado é indiscutivelmente merecedor das mais nobres honrarias, o que lhe garante um lugar especial na memória imaterial do Estado do Tocantins. Um homem culto e cortez, da qual tive a honra de conhecer. Epitácio Brandão nos deixou em junho de 2019.
Cesamar
Cesamar Lázaro da Silveira, é quem dá o nome ao principal parque da capital Palmas, o majestoso “Parque Cesamar”. Homenagem realizada em 18 de março de 1998 pelo então Governador José Wilson Siqueira Campos em sua inauguração.
Nascido em Pontalina de Goiás em 1962, bacharelou-se em Direito e passou a atuar como advogado em Goiânia e professor de Direito Comercial e Civil na cidade de Anicuns/GO. Em 1988, atuou ativamente em favor da criação do Estado do Tocantins persuadindo autoridades e colhendo assinaturas. Esteve presente no lançamento da Pedra Fundamental de Palmas, em 20 de maio de 1989. Por aqui, atuou como Assessor Jurídico do governo, ligado a Casa Civil na capital provisória de Miracema e na Capital Palmas. Em 1991, ocupou a função de Secretário de Estado da Casa Civil. Suas contribuições não se limitaram ao campo jurídico, além de publicar jurisprudências, como amante da literatura e das artes, desfilou em escola de Samba da Capital, poetizava alguns escritos, e pela cultura esboçou os primeiros documentos necessários à Legislação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, do Sistema de Bibliotecas nas instâncias municipal e estadual.
Cesamar foi casado com a artista visual e professora, Luciélia de Aquino Ramos, mais conhecida como “Luara Aquino”, com quem teve um filho Felipe Cesar. O pioneiro era conhecido pelo seu carisma e profissionalismo, um homem muito culto que deixou um respeitoso legado para o Estado tornando-se memória imaterial na região. Cesamar, em 1996, seguiu para o plano espiritual.
Ailton Lélis
Ailton Lelis Nunes, nasceu em Inhumas/GO, em 10 de março de 1940. Formou-se em arquitetura em 1970 na Universidade de Brasília (UNB) e logo destacou-se na área do paisagismo urbano. Ficou conhecido e respeitado nacionalmente como o responsável pela revolução das flores na cidade de Goiânia. Veio para o Tocantins em 1996, onde assumiu a Secretaria Estadual de Assuntos Metropolitanos. Em Palmas, atuou como Secretário de Obras, Urbanismo e Meio Ambiente. Com técnica, inteligência, cultura e muita simpatia, transformou a cidade em um grande jardim florido. É inegavel reconhecer a contribuição de Ailton Lelis. Sua passagem por Palmas trouxe a vida do verde e as cores das flores. A cidade tornou-se mais viva e agradável. Ailton foi casado com Marilda Lelis com quem teve Fábio Lelis e o Deputado Estadual Marcelo Lelis. Ailton Lelis nos deixou em março de 2011.
João Ribeiro
João Batista de Jesus Ribeiro, conhecido apenas como João Ribeiro, também tem o seu nome registrado na memória imaterial do Tocantins, uma vez que, participou ativamente no processo político para a criação do Estado. Iniciou sua carreira política já em 1982 como vereador em Araguaína. Em 1986 foi eleito Deputado Estadual por Goiás e, como líder do PFL (Partido da Frente Liberal), atuou na persuasão dos políticos goianos para a emancipação do norte da região. Sem a sua influência, respeito e confiança, teria sido muito difícil o consentimento dos políticos da época. Em 1989 tornou-se prefeito em Araguaína, e Deputado Federal em 1994, sendo reeleito em 1998. Em 2003 assumiu o Senado e em 2010 foi reeleito com o maior número de votos do Tocantins. Sua carreira, sem dúvida, lhe rendeu um patamar político de respeito e honra. João Ribeiro é pai da Deputada Estadual Luana Ribeiro e foi casado com a atual prefeita de Palmas Cinthia Ribeiro. O senador João Ribeiro nos deixou em dezembro de 2013.
João Cruz
João Lisboa da Cruz, foi um político tocantinense cuja trajetória ficou marcada na história do Estado. Nascido em Brejinho de Nazaré em 1949, foi com a família, ainda criança, morar em Gurupi no ano de 1956. Cursou Engenharia Civil em Uberaba/MG. Em 1982, ingressa na carreira política elegendo-se vice-prefeito de Gurupi ao lado de Jacinto Nunes. Em 1986 é eleito com uma expressiva votação ao cargo de Deputado Estadual pelo então Estado de Goiás. Em 1988 elege-se prefeito de Gurupi. Seu trabalho na cidade ecoa positivamente firmando-o como uma das maiores lideranças do Estado. Em 1994 candidata-se ao posto de governador tendo uma expressiva votação, embora não tenha sido eleito. Em 1998, elege-se vice-governador ao lado de Siqueira Campos. Em 1999 elege-se novamente prefeito de Gurupi para o quadriênio 2000-2004, reelegendo-se até 2008.
João Cruz tornou-se, sem dúvida, um respeitoso articulador político, cujo legado fica marcado na memória imaterial da região. Carismático e inteligente tinha a destreza de cativar boas relações com diversas instâncias da sociedade, de populares a lideranças. Um homem muito respeitado e admirado, principalmente na cidade de Gurupi, onde teve uma atuação mais expressiva. João Cruz nos deixou em junho de 2008.
“Este projeto foi contemplado pelo Prêmio Emergencial do Tocantins – Artes Visuais, do Governo do Estado do Tocantins, com apoio do Governo Federal – Ministério do Turismo – Secretaria Especial da Cultura, Fundo Nacional de Cultura”.